13 de abril de 2010

A Prometida - Lynn Collum

A Prometida
Autora: Lynn Collum

Editora: Nova Cultural
Edição: 1570
Série: Julia
Lançamento: 23/11/2009


- Sinopse:



Inglaterra, 1814

Tempestuosa paixão
Andrew Morrow é um homem que sabe o que quer, e não tem intenção de concordar com um casamento arranjado com Jacinda Blanchett, filha de um rico comerciante. Com o objetivo de fazer sua própria fortuna, Andrew ingressa na Marinha e vai para a India. Oito anos depois, no entanto, ao retornar para a Inglaterra, rico, bem-sucedido, ele descobre que seu pai está na miséria, que sua noiva prometida desapareceu misteriosamente e que ele é suspeito de estar envolvido na morte do pai dela.

A decisão tomada no passado foi o primeiro elo de uma corrente de infortúnios, mas Andrew está determinado a rompê-la, e quando encontra Jacinda, percebe que não será fácil. Pois ela é tão teimosa quanto ele, e linda demais para resistir... De repente, casar-se com aquela moça corajosa é o único destino que Andrew pode vislumbrar para si... Isto se conseguir convencê-la de que a paixão explosiva entre ambos é uma prova de amor verdadeiro...

________

- Leia Um Trecho Deste Livro:

- Prólogo

Westbury, Condado de Somerset, Inglaterra, 1806

—O que faz aqui sozinha, srta. Jacinda? — As sobrancelhas brancas do mordomo arquearam-se feito
uma lagarta desorientada, enquanto ele observava sua jovem ama sentada a sós no amplo vestíbulo.
— Prima Millie está conversando com papai, Stritch. Ele pediu que eu esperasse aqui. — A menina de doze anos olhou para o velho mordomo com ar de inocência, não deixando transparecer que acabara de encostar o ouvido na porta da biblioteca, tentando descobrir sobre o que era a reunião misteriosa que lá se realizava.
Algo importante estava prestes a acontecer, e Jacinda, como a maioria das crianças de sua idade, sentia curiosidade.
O assunto a envolvia.
O mordomo inclinou a cabeça de lado, como se fosse perguntar a respeito, mas o som da aldrava na porta da frente conteve-o. Stritch abriu a porta imensa, encontrando o barão de Rowland e seu herdeiro, o jovem Andrew Morrow, que aguardavam para entrar. Era raro que a aristocracia local visitasse a mansão de Chettwood, devido aos menosprezados laços do sr. Blanchett com o comércio.

O visitante adiantou-se com a confiança de um cavalheiro dotado de título de nobreza, apesar de suas difíceis circunstâncias.
A um olhar, podia-se dizer que um estilo de vida desregrado deixara sua marca no físico atlético dele e em sua boa aparência de outrora. Cabelos ralos, grisalhos, encimavam um rosto de rugas profundas. O nariz tornara-se vermelho e bulboso após anos de excesso de refinado conhaque e, mais recentemente, de bebidas não tão caras. Não havia nada de elegante nele, desde as roupas gastas e manchadas até as botas cheias de barro com um óbvio buraco na altura de um dos dedos.
Seus olhos cinzentos inspecionaram o interior do grandioso vestíbulo da mansão de Chettwood com ar entediado, mas, tão logo avaliaram o opulento ambiente, brilharam com interesse. Ficou evidente para o nobre que Jacob Blanchett, dono da Fundição B&B vivia bem. Na verdade, muito melhor do que lorde Rowland, um jogador inveterado. 
Para Jacinda, houve pouca admiração em ver o barão no vestíbulo de seu pai. Era ingenuamente alheia ao poder de tal homem em face a sua dificuldade financeira. Bastou um rápido olhar para constatar que o barão não impressionava.
Mais interessante era o filho, que tinha uns cinco anos a mais do que ela.
A reputação de Andrew Morrow o precedia. Jacinda observou atentamente o rapaz que criara verdadeiro caos na vizinhança durante a maior parte de sua vida. Era um recorrente tema para mexericos entre a criadagem da maioria das casas da área, tanto opulentas quanto modestas. Em Chettwood,  a cozinheira hacia declarado que as traquinagens dele originavam- se do tédio, e Trudy, sua criada pessoal, jurava que
a causa devia ser negligência, uma vez que o barão estava quase sempre ausente, mas Stritch afirmara que o rapaz era uma ovelha negra no seio da aristocracia; uma semente ruim que já vinha de uma linhagem de outras iguais. 

Aos olhos de menina de Jacinda, ele parecia comum e inofensivo o bastante. De modo algum, o rapaz parado na soleira lembrava o vilão endiabrado que protagonizava os mexericos.
Ele hesitou por um momento, olhando para o mordomo, tomado por visível relutância em entrar no vestíbulo de Chettwood. Somente depois que o pai lhe fez um gesto discreto, ele foi colocar-se ao lado do cavalheiro, rígido feito uma coluna de pedra.
As poucas lembranças dela do garoto eram de uma figura emburrada num canto do banco da família Morrow na igreja.
No momento, apresentava-se alto e magro, com um rosto anguloso que parecia ter sido esculpido em granito. Poderia ser considerado um rosto bonito, não fosse pela expressão carrancuda que os lábios comprimidos denotavam. Tinha os cabelos castanho-escuros num jovial desalinho que contrastava com o ar taciturno dos olhos verdes.
Jacinda perguntou-se o quanto ele saberia a respeito do plano que se tramava à custa de ambos. O plano
que ela acabara de ouvir secretamente o pai contar a  sua preceptora.
Enquanto observava o rapaz sob a claridade que se filtrava pelas janelas altas do vestíbulo, um estranho e repentino pensamento ocorreu-lhe. Uma sensação peculiar percorreu-a e não era desagradável. Seria realmente tão ruim se casar...
algum dia? Tornar-se baronesa? Ser a senhora de seu próprio lar, como sua adorada e falecida mãe havia sido. Lembrouse, então, de que a mãe sempre a avisara a jamais se casar sem amor:
Seu pretendente deverá amá-la tanto quanto você a ele, ou não haverá felicidade no casamento. Jacinda tinha certeza de que todas as amigas de seu pai tinham tornado sua mãe muito infeliz, embora não entendesse completamente por quê.

O olhar de lorde Rowland pousou em Jacinda naquele momento.
— É essa a criança? — Houve choque em sua voz, mas se causado pelo fato de ela ser tão jovem ou por sua aparência frágil, não ficou claro.
Stritch franziu o cenho e declarou num tom cerimonioso:
— Esta é a srta. Blanchett, milorde.
Jacinda levantou-se e fez uma mesura, porém o barão limitou- se a continuar encarando-a com seu jeito rude. Apenas Andrew Morrow retribuiu o cumprimento com um meneio formal de cabeça.
— Irei informar o meu mestre sobre sua chegada, milorde.
— O mordomo encaminhou-se depressa à biblioteca a fim de ver se o sr. Blanchett receberia visitantes.
Jacinda sentou-se, ajeitando melhor o feio xale preto em torno dos ombros magros, enquanto o olhar altivo do rapaz tornava a pousar nela. Uma expressão de ultraje surgiu em seu rosto, e ele se aproximou mais do pai para sussurrar, contudo a raiva fez com que sua voz se propagasse pelo grande ambiente.
— Estou dizendo, pai, um contrato de casamento com uma completa estranha é uma monstruosa injustiça. Ela quase não passa de um bebê. Além do mais, o senhor sempre disse que os Blanchett cheiram a comércio.
Baixando a própria voz, o barão repreendeu o filho. 
— Você cumprirá o seu dever. — Ele também olhou para Jacinda. — Ora, olhe só para ela. É improvável que, de tão mirrada, a menina chegue a ver o próprio aniversário de dezoito anos. Por que não tirarmos vantagem da oferta do burguês? Além do mais, a mãe era uma dama de estirpe. Era filha do visconde de Devere, embora tenha restado bem pouco dinheiro à família. Foi por isso que a casaram com Blanchett. Ele deixou claro que receberemos parte dos fundos logo de início e uma garantia de que, se ela não a prometida
sobreviver, ainda receberemos o restante do dinheiro do acordo. O homem até prometeu que não haverá necessidade de devolução se o casamento não se realizar por motivo de morte ou da recusa dela, uma vez que tiver a idade apropriada.  Tudo o que temos de fazer é esperar que o tempo e invernos rigorosos salvem você de ter de cumprir sua parte no trato.
Um acesso de riso histérico ameaçou tomar conta de Jacinda. Seu pai e lorde Rowland achavam, cada um a seu modo, que estavam levando a melhor naquele horrível acordo. E nenhum dos dois se importava com seus sentimentos. Não era melhor do que um dos pequenos peões de mármore do jogo de xadrez do pai.
Antes que algum som escapasse de seus lábios, conseguiu se conter ao notar o brilho de piedade nos olhos de Andrew quando a percorreram uma segunda vez. Era o que mais odiava e via com frequência nos rostos dos aristocratas da vizinhança. Ergueu o queixo, encarando-o de volta com ar desafiador. Todos a julgavam fraca e imprestável, mas iria lhes mostrar algum dia. Sem se deixar convencer pelo argumento do barão, Andrew Morrow protestou:
— Pai, eu amo a srta. Amberly desde que a conheci, dois anos atrás. Estou avisando, se fechar esse acordo de casamento em meu nome, farei algo drástico. — Sua voz falhou e tornou-se mais baixa, a raiva  afogueando-lhe as faces.
O barão segurou o filho pelas lapelas do casaco e puxou-o mais para perto.
— Você fará o que eu disser, garoto! O baronete Amberly sabe que tem uma joia das mais preciosas. Não desperdiçará a beleza dela com o filho de um nobre sem tostão. A propriedade de Parque Howland está completamente hipotecada e, se você quer ter um lar, preciso pagar ao menos algumas das dívidas.

Antes que o rapaz pudesse responder, Stritch voltou silenciosamente e, então, pigarreou. Rowland soltou o filho ao ouvi-lo.
— Milorde, o sr. Blanchett o verá na biblioteca.
O barão apontou para uma cadeira do lado oposto da pequena mesa de mogno junto a qual Jacinda estava sentada.
— Fique aqui. Não vou permitir que você arruíne esta oportunidade. Eu o chamarei, se for necessário.
O filho olhou contrariado para o pai, como se pretendesse desafiá-lo. Mas, então, deu de ombros e afastou-se, atirando- se na cadeira tão pesadamente, que as pernas dela rangeram contra o chão de mármore. Curvou-se para a frente com ar abatido e os olhos fixos no piso branco e preto. O barão
marchou pelo vestíbulo e entrou na biblioteca sem olhar para trás. O mordomo fechou a porta e retirou-se depois de lançar um olhar de aviso à jovem ama.
Jacinda examinou o rapaz curiosamente com olhos velados. Era como observar uma chaleira chegando lentamente ao ponto de fervura. Ele começou a torcer as mãos, mexer os pés e um músculo se retesou em seu maxilar. Percebendo que estava sendo observado, virou-se para olhá-la como se ela fosse um ser abjeto que tivesse emergido de um lago.
— É feio encarar os outros, menina.
— Não estou encarando ninguém e meu nome é Jacinda, não menina.
Zangada com o tom dele, mostrou-lhe a língua. Ele revirou os olhos.
— Traquina!
— Endiabrado!
— Criancinha!
— Ovelha negra!
Tornando a revirar os olhos, ele desviou o rosto e afundou mais na cadeira. Um lacaio passou com uma garrafa de conhaque numa bandeja, levando-a até a biblioteca,de onde voltou a surgir um momento depois. Antes que a porta fosse fechada, porém, o riso do barão chegou até o vestíbulo.
Ouvindo o pai, Andrew Morrow levantou abruptamente, resmungando:
— Eu o matarei antes de abrir mão de Mariah. - Sem mais uma palavra, atravessou o vestíbulo, abriu a
porta da frente com um gesto brusco e saiu. Era evidente que o futuro marido sentia aversão por ela,
pensou Jacinda. Quem podia culpá-lo? Ela decididamente não tinha nenhum atributo físico. O cabelo era de um tom apagado de loiro, semelhante à palha, descendo até a cintura em ondas frouxas, indefinidas. Os grandes olhos castanhoclaros eram, talvez, o único traço atraente em seu rosto comum.
A pequena e delicada pinta no canto de sua boca, a qual a mãe chamara de uma marca de beleza, era a causa do indigno apelido, “Mancha”, que o primo, Giles, lhe dera. A irmã dele, Prudence, nunca o falava, mas sempre ria quando o irmão usava o tosco apelido.
Ainda refletindo melancolicamente sobre a saída abrupta de Andrew Morrow, ela sobressaltou-se quando a porta da frente abriu-se e seus atormentadores, voltando da cavalgada matinal, entraram ruidosamente no vestíbulo. Recostou-se na cadeira com a silenciosa esperança de que os primos passassem direto até a sala do café da manhã sem notá-la.
Mas, obviamente, estava sem sorte naquela manhã. Giles Devere deixou o chicote de montaria e as luvas
numa mesa perto da porta e atirou o chapéu numa cadeira. Aos vinte e um anos, já mostrava sinais da obesidade que afligira seu falecido pai, o mais jovem e irresponsável irmão do visconde de Devere. Segundo se dizia, o pai de Giles tivera uma lamentável propensão para a jogatina.
— Estou dizendo que foi Andrew Morrow que quase passou por cima de nós. Ele sempre cavalgou como se o diabo  estivesse nos seus calcanhares.
Prudence Devere, alguns anos mais nova do que o irmão e tão esguia quanto ele era rechonchudo, também colocou seus acessórios na mesa e ajeitou os cabelos ruivos.
— Acho que ele descobriu que Mariah Amberly tentou fugir com o herdeiro de Chesterfield ontem! — exclamou ela, soltando um risinho maldoso.
Giles notou Jacinda e franziu a testa.
— O que está fazendo fora do seu casulo, Mancha? Está determinada a nos tornar herdeiros do seu pai com o seu comportamento descuidado?
Jacinda percebeu que ele estava zombando mais uma vez. Os Devere eram, na realidade, parentes da mãe dela, portanto seus primos de segundo grau. Seu pai permitira que a esposa os convidasse a ficar após uma súplica desesperada da parte da sra. Devere, que dissera que estavam empobrecidos e que seu cunhado, o visconde de Devere, lhes negara ajuda.
— Não estou doente. Não há razão para eu não poder descer.
— Ela resistiu à vontade de tornar a mostrar a língua, dessa vez para o primo. Giles parecia ter o dom de despertar o que havia de pior nela. Prudence suspirou.
— Tolice, você sempre está doente. A srta. Markham apenas ainda não determinou o que é... mas, acredite, ela terá declarado que você está com uma enfermidade de algum tipo até o final do dia.
Os irmãos riram e encaminharam-se para fazer o desjejum sem convidar a jovem prima para se reunir a eles. Jacinda soltou um suspiro. Estavam certos. Millie, sua preceptora, via perigo em toda parte. Era um infortúnio que seu irmão mais novo não tivesse sobrevivido ao parto. Ela, então, não teria sido o único foco de atenção de Millie. Afundou-se em sua cadeira e olhou por uma janela. Perguntou-se o que estaria se passando na biblioteca. Qual seria o seu destino?

A porta que dava para as dependências dos criados no subsolo abriu-se uns cinco minutos depois, e o novo administrador do pai dela, o sr. Weems, adiantou-se pelo vestíbulo.  Estava em Chettwood havia apenas três meses, mas já promovia melhorias na propriedade, ou assim afirmara o Sr. Blanchett quando vários dos arrendatários tinham reclamado das mudanças instituídas pelo novo administrador. 
— Bom dia, a srta. Markham está aqui embaixo? Ela disse que queria me falar esta manhã.
— Ela está ocupada com papai no momento, mas... Antes que Jacinda pudesse terminar, a dama em questão
saiu abruptamente da biblioteca. Estava um tanto ofegante de raiva e com o rosto ossudo afogueado.
— Venha, Jacinda. Está na hora do seu repouso. Parece que minha vontade será ignorada e você terá de ir com seu pai a Rowland Park hoje à noite. — Ela apanhou o braço da menina e começou a se adiantar na direção da escadaria quando notou o administrador, que se mantinha fora do caminho junto à parede. — Oh, Weems, perdoe-me, mas estou absorta demais por toda essa conversa sobre o contrato de casamento de Jacinda para planejar a reforma da casa de verão ao lado do lago.
— Casamento para essa pequena? — A estupefação evidenciou- se no rosto atraente do administrador enquanto olhava para Jacinda.
— Chocante, não é? — disse Millicent por sobre o ombro, já subindo a escadaria com sua pupila.
Jacinda virou-se para trás a fim de ver Weems, ainda perplexo a observá-las. Parecia que todos os adultos exceto seu pai e o barão julgavam aquele contrato de casamento impróprio, refletiu ela, enquanto Millie a conduzia até seus aposentos.
Entregou-a, então, aos cuidados da criada pessoal, dando-lhe instruções para que ela estivesse arrumada e
pronta com seu melhor vestido às seis horas em ponto.

— O que é que deixou a srta. Millie tão esbaforida? — a criada perguntou, após a saída de Millie.
— Parece que estou noiva, Trudy.
— Que tolice! A senhorita ainda é uma criança.
— Será um longo noivado. Papai tratou de tudo com lorde Rowland. Trudy sentou-se numa cadeira próxima, sacudindo a cabeça.
— Nunca vou entender as excentricidades da aristocracia. Obrigar crianças a se casar, Deus do céu...
Jacinda aninhou-se nos travesseiros e olhou para os anjos que Millie mandara pintar no teto.
— O filho do barão não quer se casar comigo.
Trudy, que pegava suas costuras, franziu a testa.
— Ora, ele teria sorte em contar com alguém como a senhorita. Pode até ser um futuro barão, mas é de conhecimento de todos do condado que há sangue ruim ali. Lorde Rowland não tem um pingo de juízo, com certeza. Mas não se importe com o menosprezo, o filho dele é apenas um garoto e não sabe o que quer.
Jacinda riu diante da indignação da criada.
— Oh, não estou nem um pouco ofendida com o fato de ele não querer me desposar. Está apaixonado pela srta. Mariah Amberly.
— Ele e o restante dos rapazes da vizinhança! Agora, feche esses olhinhos e procure repousar.
Jacinda tentou dormir, mas a mente estava inquieta de mais. Sangue ruim nos Morrow... O que o pai dela podia estar pensando, afinal? Lembrou-se, então, do último anúncio de Andrew. Ele ameaçara matar alguém. A quem se referira?
Ela o conhecia bem pouco e perguntou-se se haveria aquele tipo de maldade no coração do rapaz. Trudy achava que sim, e quem melhor do que ela para entender daqueles assuntos, uma vez que o próprio irmão era um vilão sanguinário?

Seus pensamentos concentraram-se naquele homem que se transformara numa figura impressionante na sua imaginação.  Abrindo os olhos, virou-se para a criada.
— Teve notícias de Johnny?
— Ora, não se incomode com o meu irmão. Descanse, sim?
Jacinda ergueu-se mais de encontro aos travesseiros.
— Eu jamais contaria a vivalma sobre ele. Trudy lançou um olhar à porta, como se temesse que
alguém a escutasse.
— Sim, ele voltou. Vivo insistindo para que encontre um meio de sustento honesto aqui, mas ele jura que não rouba mais. É um bom homem, porém me preocupo muito com ele e sua sede de andarilho. Já tem um filho e, portanto, está mais do que em tempo de se estabilizar com sua idade.
— Um filho?
— Sim, o pequeno Ben. — Trudy adquiriu uma expressão enternecida ao pensar no sobrinho de quatro anos. — A mãe dele trabalha numa estalagem e mora com o menino em Bristol. Johnny vai vê-los com frequencia e vive cheio de promessas. Também me visita vez ou outra. 
Uma onda de empolgação percorreu Jacinda. Com sua inocência, ainda acreditava que uma vida daquelas era cheia de aventuras e ignorava os perigos.
— Posso conhecê-lo na próxima vez que ele vier?
— Não enquanto eu viver. Volte a dormir, senhorita.
Jacinda conhecia bem aquele tom. Não extrairia mais nada de Trudy. Ajeitando-se nos travesseiros, logo adormeceu, a despeito de sua apreensão em relação ao que a aguardava pela frente.

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